Você realmente vê ou apenas olha?

O hábito de falar já é naturalmente exercido pelas pessoas, umas mais, outras menos e algumas com talentos excepcionais. O ato de escutar e não apenas ouvir, por si só, já é um grande desafio, e "olha" que tem sido um dos desafios mais recorrentes dos líderes que tenho a oportunidade de ajudar a desenvolver no programa de Coaching Executivo. Porém quando me deparei com as palavras do escritor  J. Oswald Sanders "Olhos que olham são comuns. Olhos que vêem são raros..." Emerge a questão: Nós realmente vemos ou na maioria das vezes apenas olhamos?

Caímos, muitas vezes, em armadilhas porque nos deparamos com a generalização, passando desapercebidos por detalhes importantes em nosso cotidiano que podem fazer uma grande diferença em nossas vidas, e, por isso, perdemos a oportunidade de observar e ver melhor. Quando trago a generalização, falo do hábito de entendermos que por já termos visto "algo" antes, partimos do princípio  de que se vermos novamente será a mesma coisa e, perdemos, assim, excelentes oportunidades de vermos o "novo" mesmo em "algo" que já tenha sido visto antes. Quando lemos um mesmo livro novamente, assistimos mais uma vez o mesmo filme, uma peça teatral, quando participamos de uma mesma palestra, por mais que já tenhamos visto antes,  nossa experiência de ver e internalizar não será mais a mesma que a da vez anterior, podemos  identificar inclusive detalhes e novas informações que por ventura  possam ter passadas desapercebidas na primeira vez.

Gosto de citar o filme Matrix. Quando o assisti, vi que era um filme inteligente, onde a tecnologia superou a humanidade e usou a energia do homem para se retroalimentar, fazendo com que os homens de forma vegetativa vivessem numa realidade virtual. Já numa segunda vez, consegui "ver" as diversas mensagens subliminares do início ao fim do filme: "Não pense que é, saiba que é", "Há uma diferença entre conhecer o caminho e trilhar o caminho", "Lembre: a minha intenção é lhe mostrar quem você é, mas só você pode atravessar o caminho". Se você teve a oportunidade de assistir esse filme, experimente ver de novo, você com certeza verá agora com outros olhos.

Quando eu trabalhava em banco e visitava clientes corporativos no intuito de emprestar dinheiro, eu gostava de "ver" além dos números. Observava como era composta a sala do diretor ou presidente (normalmente eles tinham coisas que faziam parte do universo deles e ficava mais fácil conduzir alguns assuntos utilizando esses recursos na conversa: Quem não se sente mais à vontade falando do que gosta?), olhava a organização, logística, limpeza da empresa, entre outros. Em sete anos que exerci a função gerencial corporativa no banco, nenhum cliente  deixou de me pagar os empréstimos, e estamos falando de milhões,  e recebi, inclusive, um convite para assumir uma superintendência nacional.

O olhar demais às vezes nos coloca em "roubadas"; olhar a vida "maravilhosa" dos outros nas redes sociais, olhar a grama do vizinho e outras coisas mais, além de muitas vezes nos iludir, acaba por naturalmente resultar em um dos pecados capitais, a "cobiça". E normalmente o que cobiçamos? Aquilo que vemos quase todo dia. Outrossim, ainda nos deparamos também, muitas vezes de olhar apenas aquilo que queremos enxergar e ver só aquilo que procuramos.

Exercite a sua forma de ver as coisas, preste mais atenção nos detalhes, em viagens, em filmes, em coisas, nas pessoas, busque não se enganar  com a generalização (as coisas mudam ou possuem mais do que os nossos olhos estão acostumados a ver), se permita olhar por ângulos diferentes, aprenda a "ver" melhor. Aguce a sua visão periférica e espacial e aproveite melhor as oportunidades da vida.

Tibério César Sousa é Coach Executivo de Liderança, membro da International Coach Federation, Practitioner em PNL, com Mestrado profissional em Administração pela UFC, MBA Executive em Marketing pela FGV, MBA em Finanças pela FGV, MBA em Gestão de Negócios pela UFPE, com extensão na Geórgia State University-EUA.

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