O líder precisa ser mais do que alguém que está no comando, diz Ronald Heifetz
O guru defende que o bom líder é aquele que ouve mais do que fala e que, para se manter na liderança, precisa de parceiros
RONALD HEIFETZ NA ABERTURA DO HSM EXPO 2016 (FOTO: OPENSPACE)
A família ensinou muito a Ronald Heifetz sobre liderança. “Minha avó cresceu na Alemanha nos anos 1920 e 1930. Quando Hitler subiu ao poder, meu avô, que possuía uma pequena loja de sapatos, pensou: ‘Não vai ser tão ruim’. Para minha avó, a realidade era outra. Então ela começou a tirar dinheiro todo mês da loja e, através de um padre, enviou para um banco na Holanda que o trocava por ouro. Ela fez isso de 1933 a 1938. Com isso, eles conseguiram ir para a América.”
“Há mulheres que exercem a liderança sem terem autoridade”, disse Heifetz nesta segunda-feira (7/11) em sua palestra “Liderança Adaptativa: Por que liderar exige mais que apenas autoridade”, na abertura da HSM Expo 2016. Ao contar episódios da vida de sua família, o guru de liderança famoso por seus cursos na Harvard Business School mostrou por que líderes devem estar atentos aos problemas reais e se adaptar a cenários variados.
Em empresas, muitas vezes é preciso fazer mudanças – fazendo com que funcionários tenham de desenvolver novas competências para buscar a inovação. Em momentos como esse, o líder precisa ser mais do que alguém que está no comando. “Temos de conservar os valores que são essenciais a nós”, disse Heifetz. “Mas, para mudar, temos que desistir de algo para inovar e levar o nosso melhor para o futuro.”
Ronald Heifetz define a liderança como a capacidade de mobilizar as pessoas e sua habilidade de inovar, que passa por aprendizado e a determinação de vencer em um mundo em constante mudança. E citou a natureza como um exemplo de adaptação. “Nós aprendemos com a natureza que, mesmo um negócio grande precisa, se adaptar muitas vezes ao mercado local”, explicou. “Que produto vender, como vender, talvez até mudar o produto conforme informações que chegam dessa zona local para a central, que podem mostrar o que o mercado está procurando.”
Para que isso aconteça, o fundador do Centro para a Liderança Pública e co-autor de "The Practice of Adaptive Leadership: Tools and Tactics for Changing your Organization and the World" defende que a liderança não pode ficar estanque no alto. “Precisamos de um modelo de liderança distribuída, que não seja uma pirâmide”, afirmou.
Para garantir o sucesso da liderança adaptativa, é preciso ouvir muito. E, ele entende, isso é um desafio principalmente para os grandes líderes, já que deles se espera os discursos. “Um líder precisa ouvir mais do que falar”, disse. “Até para entender: o que não estou vendo? O que está me escapando?”
Além de manter parceiros e confidentes, pessoas de confiança em seu círculo com quem tomar um cafezinho, o líder precisa manter o foco sempre que há críticas. “Ele tem de distinguir o seu ‘eu como líder’ do seu ‘eu pessoal’. E não levar críticas que são feitas ao líder para o lado pessoal.”
“Não existe uma única característica de liderança. Os instrumentos, o poder e a autoridade — o que você faz com essas ferramentas mostra o tipo de liderança que quer exercer. Ser um carpinteiro não quer dizer nada a não ser que você tenha as ferramentas certas e uma casa para construir.”
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